Santíssima Trindade

Quem é Deus?

A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

Festa da Santíssima Trindade, festa  da comunidade. A Trindade, comunhão perfeita, é o ideal da comunidade cristã. A  Trindade existe para se relacionar com a humanidade. Perguntando-nos quem é Deus , ai temos a resposta de quem é o ser humano. A Comunidade Trinitária é o futuro da comunidade cristã. Só ela pode garantir vida plena, capaz de superar inclusive a morte.

Exôdo 34,4-6.8-9 – Deus é amor e fidelidade –

O Deus da comunhão e da aliança, quer estabelecer laços familiares com o homem. Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia.

O  texto faz parte das “tradições sobre a aliança do Sinai” – um conjunto de tradições de origem diversa, cujo denominador comum é a reflexão sobre um compromisso (“berit” – “aliança”) que Israel teria assumido com Jahwéh.

 Moisés procura a todo custo que Javé continue no projeto de libertação: antes, ele defendeu o povo (cf. 32,11-14); agora, procura atrair a misericórdia de Javé. Os vv. 6-7 fazem uma apresentação do Deus da aliança: a aliança é uma relação de amor fiel, na qual Deus se manifesta através da compaixão e piedade. Isso, porém, supõe a relação de justiça, que faz o homem experimentar a conseqüência de suas opções e atos.

A questão essencial é esta: Deus ama o seu Povo e cuida dele com bondade e ternura. A sua misericórdia é ilimitada e, aconteça o que acontecer, irá sempre triunfar. Israel, o Povo da aliança, pode estar tranquilo e confiante, pois Jahwéh, o Deus do amor e da misericórdia, garante a sua eterna fidelidade a esses atributos que caracterizam o seu ser.

 João 3,16-18 – Deus é amor que salva e comunica a vida plena .

No Evangelho, João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pelos homens é tão grande, a ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor (que vai até ao dom da vida do Filho único e amado), plasma-se a grandeza do coração de Deus.

Deus não quer que os homens se percam, nem sente prazer em condená-los. Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a todos. Mas a presença de Jesus é incômoda, pois coloca o mundo dos homens em julgamento, provocando divisão e conflito, e exigindo decisão. De um lado, os que acreditam em Jesus e vivem o amor, continuando a palavra e a ação dele em favor da vida. De outro lado, os que não acreditam nele e não vivem o amor, mas permanecem fechados em seus próprios interesses e egoísmo, que geram opressão e exploração; por isso estes sempre escondem suas verdadeiras intenções: não se aproximam da luz.

Em resumo: porque amava a humanidade, Deus enviou o seu Filho único ao mundo com uma proposta de salvação. Essa oferta nunca foi retirada; continua aberta e à espera de resposta. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação.

2 Coríntios 13,11-13 –  Deus é  a comunhão que se manifesta na comunidade cristã.

Paulo expressa – através da fórmula litúrgica “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” – a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor.

Aceitar Deus é possuir a vida , é comprometer-se com seu projeto de liberdade e vida para todos. O Deus de amor está presente na comunidade cristã – o corpo de Cristo – chamado-a à comunhão e solidariedade perfeitas, mediante a comunhão do Espírito . O texto é a conclusão de 2Corintios  ,  carta que , na forma  atual , contém diversas cartas de Paulo escritas em ocasiões diferentes e com motivações diferentes. Lendo-a pode-se perceber o estado de ânimo do agente de pastoral, suas convicções e lutas.  Por outro lado, a carta revela também as peripécias da comunidade cristã, os avanços e recuos, as alegrias e sofrimentos, a necessidade constante firme no projeto de Deus.

•  A nossa relação com os irmãos deve refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a comunidade trinitária. É isso que acontece? As nossas relações comunitárias refletem esse amor que é a marca da “família de Deus”?

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