Sexto Domingo do Tempo Comum

O poder sobre a marginalização

A liturgia de domingo passado mostrou que Jesus não se deixou “privatizar” pela população de Cafarnaum, mas seguiu sua vocação para ir a outras cidades também. Hoje vemo-lo saindo para a margem da sociedade, para os lugares desertos onde viviam aqueles que na época eram chamados leprosos. Estes eram intocáveis, tabu. Jesus quebra esse tabu e, no fim, acaba ocupando o lugar do doente , nos “lugares desertos”.

Como nos evangelhos anteriores, vemos aqui uma indicação velada da personalidade de Jesus. Autoridade e compaixão, duas qualidades dificilmente compatíveis no ser humano, são as feições divinas que se deixam entrever no agir de Jesus. E revela-se sua superioridade em relação à Lei, segundo a qual Jesus não poderia tocar no leproso. Ele não depende da Lei para realizar o bem da pessoa. Por autoridade própria, reintegra o ser humano que da Lei marginaliza.

Este tema convida a uma catequese sobre a reintegração dos que são marginalizados. Para que nós, como membros do Cristo, possamos realmente vencer a marginalização, será preciso agir com uma autoridade que esteja acima das convenções constrangedoras do sistema em que vivemos. Precisamos encarnar, de modo operante, essa compaixão reintegradora, neutralizando os mecanismos de marginalização e exclusão com a força divina da verdadeira solidariedade, baseada no amor.

A II leitura continua o tema de domingo passado, sobre as carnes oferecidas aos ídolos. Paulo se apresenta a si mesmo como exemplo,  pois o pregador deve ser a ilustração daquilo que prega. O apóstolo quer agradar a todos, não para lograr sucesso pessoal, mas para o bem de todos, a fim de que se deixem atrair por Cristo. Este texto é uma das mais lindas exortações que a Bíblia contém.

Levitico 13, 1-2.44-46 – Os leprosos: marginalizados – As leis de Israel concernentes à lepra são severas. Mesmo sem que saiba a natureza da doença, quem demonstra seus sintomas deve ser afastado da comunidade e seus objetos destruídos. Estas medidas parecem inspiradas pela higiene, mas não deixam de sugerir a presença de uma força maligna nos infelizes. Trata-se de um verdadeiro tabu e descriminação social.

Marcos 1,4-45 : Jesus cura um leproso – Sempre no exercício da “autoridade” divina sobre as forças do mal e, ao mesmo tempo, levado por uma compaixão humana que não deixa de ser divina também, Jesus quebra o tabu da lepra, toca o leproso e faz desaparecer a lepra. Depois, manda o homem oferecer o sacrifício prescrito, selando assim sua reintegração na comunidade. Porque a publicidade não dá acesso à verdadeira personalidade de Jesus, que não apenas cura, mas também assume o sofrimento humano, Jesus proíbe ao homem publicar o ocorrido. Mas o homem não é capaz de silenciar o fato.

1 Cor 10,31-11,1 : Fazer tudo para a glória de Deus – Ao fim da discussão sobre os banquetes idolátricos, Paulo tira as conclusões práticas. Que se compre carne destes banquetes no mercado, sem ninguém o saber, não tem importância. Se, porém, alguém o sabe e se escandaliza, então não se deve comer desta carne, por amor ao fraco na fé, pois não seria possível comê-la agradecendo a Deus, o que acontece quando é para o bem dos outros. Por final, Paulo atreve-se a colocar como exemplo, sendo que Cristo é o exemplo dele.

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