Eucaristia, vida de Cristo em nossas vidas

A Santíssima eucaristia é o grande tesouro na vida da Igreja. Ela é o mistério pelo qual o Cristo perpetuou sua presença no nosso meio através de seu Mistério Pascal.

Joia inestimável, ocupa o centro e a fonte dos demais sacramentos da Igreja por expressar o desejo de em Cristo reunir as coisas da terra às do céu (cf. Ef.1, 18).

EUCARISTIA: PÃO DA UNIDADE DOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

Fica conosco, Senhor Emaús

Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso Companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus.

Em Emaús aprendemos que há uma estreita relação entre Emaús e a Eucaristia. Como nos diz João Paulo II: “Esta íntima conexão entre a manifestação do Ressuscitado e a Eucaristia é sugerida pelo Evangelho de São Lucas na narração dos dois discípulos de Emaús, aos quais Cristo mesmo fez companhia, servindo-lhes de guia na compreensão da Palavra e depois sentando-se com eles à mesa.

Reconheceram-No, quando Ele tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, o deu a eles. Os gestos de Jesus são os mesmos que Ele realizou na Última Ceia, com clara alusão à fração do pão, como é denominada a Eucaristia na primeira geração cristã”.

Como discípulos de Emaús, somos conscientes que, em toda a Santa Missa, Cristo partilha conosco nossas intenções e nos oferece, de modo especial, Seu Corpo e Sangue na fração do pão. Como discípulos de Emaús, ansiamos por esse encontro Eucarístico, preparamo-nos para que ele ocorra na profundidade de nossas almas e desejamos que a Eucaristia, nosso principal Alimento espiritual, seja uma realidade diária em nossas vidas.

A experiência dos discípulos de Emaús (Lc, 24, 13-35)

Ao longo de nossa vida vamos cultivando amizade pessoal com Cristo. Encontramos Jesus na palavra do Evangelho, no pão da Eucaristia, no rosto do irmão que sofre, na contemplação orante.

Ruminando as palavras do Evangelho, deixando que o corpo vivo e ressuscitado de Jesus fortaleça nossa vida nova, acolhemos a clara bondade que chega até nosso ser mais íntimo.

Percorrendo o caminho que conduzia à aldeia de Emaús, dois dos discípulos partilhavam a decepção pela morte de Jesus. As esperanças foram frustradas.

Enquanto o faziam, Jesus cruzou-se no caminho, interveio no diálogo e, ainda antes de o reconhecerem, interpelou-os: “Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória? ” (Jo 24, 25-26).

Depois, abriu-os para o significado do que acontecera, a partir das Escrituras.

A Palavra de Deus transformou aquele encontro em acontecimento, desvendou o que a fragilidade humana não conseguia entender. No seu caminhar, os discípulos de Emaús encontraram, então, um novo sentido.

A vida cristã é uma peregrinação constante.  É preciso acertar com o caminho verdadeiro que nos conduz à meta: a plenitude de vida em Cristo.

No nosso longo e duro caminhar de peregrino, se confiarmos unicamente nas nossas forças, poderemos perder o rumo e as nobres aspirações que nos animam, sujeitando-nos a condições de mera sobrevivência a troco de qualquer tipo de recompensa ou remuneração.

A Palavra de Deus é a luz indispensável que dá resposta às questões fundamentais da existência: quem somos, de onde viemos, para onde caminhamos? É uma palavra viva, reveladora da verdade, que interpela, orienta e molda a existência, tornando-a digna de filhos de Deus.

Numa sociedade como a nossa, marcada pelo pragmatismo materialista, que coloca os interesses econômicos acima da satisfação das necessidades fundamentais dos seus membros, a Palavra de Deus denuncia essa dignidade humana ameaçada e obriga ao empenhamento pessoal e social para a repor, uma vez que os empobrecidos hão de ser sempre tratados com o respeito devido à dignidade de cada pessoa humana.

O diálogo dos dois discípulos com o ressuscitado teria chegado ao fim se estes não o tivessem convidado para ficar com eles.  Sentou-se à mesa, benzeu o pão, partiu-o e entregou-o aos discípulos. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no.

E tu, desejas a vida? Imita os discípulos e reencontrarás o Senhor. Eles ofereceram-lhe hospitalidade. O Senhor parecia resolvido a prosseguir o seu caminho, mas eles retiveram-no. Retém o empobrecido se queres reencontrar o teu Senhor. O Senhor manifestou-se no partir do pão.

Se a Palavra abre horizontes e indica o rumo do nosso peregrinar, a Eucaristia é o alimento do nosso caminhar.

Fonte e cume da vida cristã, na Eucaristia verificamos como o Senhor não falha ao que promete: “Eu estarei convosco até ao fim do mundo” (Mt 28, 20).

Ele vem ao nosso encontro. Então, a nossa vida ganha um novo sentido, porque fazemos a experiência de que não caminhamos sozinhos: Ele é o guia que nos conduz por caminhos exigentes, o alento para ultrapassarmos dificuldades, a plenitude do amor, dom prometido para os que o seguem até ao fim.

É na Eucaristia, particularmente celebrada ao Domingo, que os cristãos quebram o isolamento, exprimem e alimentam a comunhão na fé, integradora das diferenças de língua, cultura, tradição e condição social.

Mas, a experiência da ressurreição, os discípulos de Emaús não a guardaram só para si. Imediatamente se dirigiram para Jerusalém, ao encontro dos onze, para lhes comunicar: “Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”.

E, nisso, foram acompanhados por muitos outros que, por causa desse testemunho enfrentaram críticas e perseguições, numa fidelidade que, em muitas circunstâncias, os conduziu até ao martírio.

Celebrar a Páscoa implica projetar à nossa volta a luz da ressurreição, fermento da nova criação, empenhando-nos no acolhimento e solidariedade para com os empobrecidos, na procura das soluções mais justas para os seus problemas pessoais e familiares, na busca dos meios que, de forma justa e equilibrada, salvaguardem os direitos e deveres de quem acolhe e de quem é acolhido.

Fonte: www.eduardoquintella.org

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