Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

“ O Verbo se fez Carne”.        

 Hoje celebramos o menino que nos é dado, um menino Deus que se une para sempre à humanidade com a Santíssima Trindade. Cremos que Ele seja a segunda pessoa da Santíssima da Trindade que tomou um coro e agora podemos ver a sua face. Nesse menino está a resposta à indagação do salmista: “ quando terei a alegria de ver a face de Deus?” Não basta, contudo, ter certeza de esse menino seja Deus, é preciso que Ele seja também homem. É preciso que tome  de fato sobre si as nossas dores. Eis a alegria do Natal: esse menino é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele toma sobre si não só nossas dores, mas também nosso medo, nossas angústias, nossas dúvidas. Ele toma sobre si o nosso desejo de viver, mesmo diante de um envelhecimento implacável que os anos nos impõem. Ele toma consigo o nosso desejo de que o cálice da morte passe. Vinde, adoremos o menino Deus, mas não tiremos dele a humanidade.

Isaias 52, 7-10 : A boa notícia. Para revitalizar a esperança dos exilados, o profeta nos põe a contemplar um quadro, fictício mas sugestivo quanto ao significado: à Jerusalém desolada e em ruínas, chega um mensageiro com uma “boa notícia”. Qual é essa “boa notícia” que o mensageiro traz? Ele anuncia “a paz” (“shalom”: paz, bem-estar, harmonia, felicidade), proclama a “salvação” e promete o “reinado de Deus”. A questão é, portanto, esta: Deus assume-Se como “rei” de Judá… Ele não reinará à maneira desses reis que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte, de desgraça em desgraça até à catástrofe final do Exílio; mas Javé exercerá a realeza de forma a proporcionar a “salvação” ao seu Povo – isto é, inaugurando uma era de paz, de bem-estar, de felicidade sem fim.

Num desenvolvimento muito bonito, o profeta/poeta põe as sentinelas da cidade (alertadas pelo anúncio do “mensageiro”) a olhar na direção em que deve chegar o Senhor. De repente, soa o grito das sentinelas… Não é, no entanto, um grito de alarme, mas de alegria contagiante: elas vêem o próprio Javé regressar ao encontro da sua cidade. Com Deus, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, cheia de alegria e de festa. O profeta/poeta convida as próprias pedras da cidade em ruínas a cantar em coro, porque a libertação chegou. E a salvação que Deus oferece à sua cidade e ao seu Povo, será testemunhada por toda a terra, como se o mundo estivesse de olhos postos na ação vitoriosa de Deus em favor de Judá.

Hebreus 1,1-6 :  O mistério de Cristo.   Ele é o centro do sermão. O trecho é o mais denso de todo o Novo Testamento: Deus falou definitivamente em Jesus Cristo, o qual é a palavra viva e concreta de Deus. Tudo o que podemos falar sobre o projeto de Deus – criação, revelação e redenção – tudo encontra sua expressão definitiva em Cristo. Este é quem faz existir e salva toda criatura. Ele é igual em tudo ao Pai; e, glorificado, é muito superior ao mundo dos anjos. Muitas vezes imaginamos um Deus distante: para se comunicar com os homens, Deus se serve dos anjos; e os homens, para se comunicarem com Deus, se servem dos santos.

João 1,1-18 : Jesus é a Palavra que revela Deus aos homens. O Prólogo de João lembra a introdução do Gênesis (1,1-31; 2,1-4a). No começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O Filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e mútua comunicação.

A Palavra é a Sabedoria de Deus vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que, em todos os tempos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela.

Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência de todo homem. Mas, para onde nos conduziria essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida e felicidade de Deus. E para isso a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa, neste seu mundo.

A humanidade já não está condenada a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por pequenas manifestações de Deus, mas pelo próprio Jesus, Manifestação total de Deus. Com efeito, Jesus Cristo, que é a luz, veio para tornar filhos de Deus todos os homens. Um só é o Filho, porém, todos podem tornar-se bem mais do que filhos adotivos: nasceram de Deus.

Deus tinha dado uma lei por meio de Moisés. E todos os judeus achavam que essa lei era o maior presente de Deus. Na realidade, era bem mais o que Deus tinha reservado para todos. Porque Jesus, o Deus Filho, o verdadeiro e total Dom do Pai, é o único que pode falar de Deus Pai, porque comunica o amor e a fidelidade do Deus que dá a vida aos homens.

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