Pentecostes

O nascimento da Igreja

No Pentecostes, coroa do Ciclo da Páscoa, todos nascemos e renascemos continuamente. Nascemos para a vida no Espírito e renascemos para o projeto de Deus, procurando falar a linguagem do Espírito para o mundo de hoje. Bebendo o mesmo Espírito que foi a base da ação e da palavra de Jesus, a comunidade cristã provoca o julgamento de Deus (evangelho). Reunida pelo Espírito de Jesus, torna-se a epifania de Deus, proclamado suas maravilhas (I leitura), levando o projeto de Deus a todos os povos. Forma o corpo de Cristo e bebe do único Espírito. Por isso, na comunidade cristã, cada pessoa é um dom do Espírito para formar a comum-unidade (II leitura). Ninguém possui plenamente o Espírito, e ninguém está privado dele. Na união de todos é que se forma o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo.

Atos 2,1-11 – O Espírito ensina a comunidade cristã a continuar o projeto de Deus. O relato é simbólico. De fato, quando o autor escreveu, as comunidades cristãs já se haviam espalhado por todas as regiões aqui mencionadas. Lucas quer mostrar o que está na base de qualquer comunidade cristã: o Espírito Santo faz lembrar, compreender e continuar o testemunho de Jesus (cf. Jo 14,26; 16,12-15). Pentecostes, celebrado cinquenta dias depois da Páscoa, comemorava a Aliança e o dom da Lei. No novo Pentecostes, Deus entrega o seu Espírito, realizando a nova Aliança, dessa vez com toda a humanidade (doze nações). A «língua» da comunidade da nova Aliança é o testemunho de Jesus, ou seja, o Evangelho, cujo centro é o amor de Deus que reúne os homens, provocando relação e entendimento (o contrário de Babel: cf. Gn 11,1-9). Mas o testemunho provoca conflitos (v. 13).

I Cor 12,3b-7.12-13Ninguém possui plenamente o Espírito; ninguém é privado dele. A comunidade é o corpo de Cristo. Na efervescência carismática dos coríntios existem traços pagãos. Estes se reúnem para cultivar o espetacular e o fascínio pelo sobrenatural impregnado de mística pagã; isso acaba tornando-se verdadeiro ópio. Paulo adverte: nem todas as manifestações de entusiasmo religioso provêm de Deus. Na mística cristã, o primeiro critério para discernir os verdadeiros dons do Espírito é reconhecer Jesus como Senhor.

 A Trindade é a base sobre a qual a comunidade se constrói: nesta, toda ação provém do Pai, todo serviço provém de Jesus e todos os dons (= carismas) provêm do Espírito. Cada pessoa na comunidade recebe um dom, ou melhor, é um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da ação, serviço e dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Paulo enumera apenas os carismas de direção e ensino. A lista não é completa, pois cada pessoa é um carisma para a comunidade toda.

João 20,19-23 – A comunidade recebe o mesmo Espírito que animou Jesus. O medo impede o anúncio e o testemunho. Jesus liberta do medo, mostrando que o amor doado até à morte é sinal de vitória e alegria. Depois, convoca seus seguidores para a missão no meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objetivo da missão: continuar a atividade dele, provocando o julgamento. De fato, a aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério de discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação.

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